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sexta-feira, 5 de março de 2010

"Autistas são PRESENTES!"

NOSSOS "AUTISTAS PRESENTES"

Quando no ano de 2000 ainda estava realizando meu trabalho de campo em Antropologia, meu OBJETO DE PESQUISA CIENTÍFICA foi "COMO É CONSTRUÍDA A IDÉIA DE PESSOA AUTISTA" em uma determinada cultura e este trabalho pode ser lido no site http://www.antropologia.ufba.br/monografias.html_2002.

Este trabalho trata sobre a PESSOA AUTISTA e não sobre a síndrome do autismo como patologia em si. O que a Psiquiatria ditava sobre o autismo, interessava menos. O mais importante para mim era a PESSOA do AUTISTA dentro de sua rede social, sua familia, seus parentes e amigos. Assim, tomei diferentes casos de autismo para estudo. Fui ao lar de cada familia que aceitou participar; passamos horas, dias, juntos, refletindo, conjecturando, dividindo tarefas domésticas, rindo e chorando com nossas dificuldades e pequenas conquistas.
A partir das narrativas desses familiares e da narrativa das próprias pessoas autistas entrevistadas, busquei identificar o que elas consideram como o que é "ser autista" e através dos discursos das pessoas, procurei reunir e analisar as formas simbólicas expressas através da linguagem, das imagens, do comportamento e das instituições que as representam, comparando-as não apenas umas com as outras mas, inclusive, comparando-as com a noção de “pessoa autista” do ponto de vista de medicina tradicional.
Dessa maneira, busquei compreender as formas de construção de uma identidade autista e a noção de pessoa elaborada sobre eles.

Os sujeitos autistas possuem vida psíquica, sim e uma rede de relações sociais que com eles tentam interagir. Possuem famíliares e amigos que se sentem de alguma forma responsáveis pelo que ocorre com eles.
Certa vez perguntei a minha filha autista porque, aos sete anos de idade, ela não conversava com ninguém (agora ela está com mais de vinte anos) e ela respondeu: – “eu não sabia que precisava”. Ora, não saber que precisa é muito diferente de "não saber ou não poder " conversar....

O mais importante: quando minha filha decidiu conversar, ela me contou sobre coisas que acontecerem desde quando ela tinha apenas um ano de idade! com detalhes de cores, aromas, rostos, músicas...gente, nossos autistas estão todo todo o tempo PRESENTES! é justamente por crer nisto que hoje minha filha conversa, canta e conta tudo aqui para todos vocês.

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