É interessante fazermos uma comparação entre definições e os conceitos abaixo, observando o contraste existente entre o ponto de vista biomédico e o ponto de vista de sujeitos autistas:
“Autismo – fenômeno patológico caracterizado pelo desligamento da realidade exterior e criação mental de um mundo autônomo” (FERREIRA, 2002:76).
“Autismo é uma doença grave, crônica, incapacitante que compromete o desenvolvimento normal de uma criança... que relacionam-se com objetos, eventos e pessoas de maneira não usual, tudo levando a crer que haja um comprometimento orgânico do sistema nervoso central em níveis mais diversos. ... Não se sabe explicar exatamente o porquê da associação entre autismo e a deficiência mental”. (GAUDERER, 1993:302).
“O Autismo é um jeito de ser. Não é possível separar o autismo da pessoa”. (Jim Sinclair, autista, americano, conferencista sobre o tema Autismo).
“... curiosamente, a maioria das pessoas fala apenas de crianças autistas e nunca de adultos, como se alguma maneira as crianças simplesmente sumissem da face do planeta. Mas embora possa haver de fato um quadro devastador aos três anos de idade, alguns jovens autistas, ao contrário das expectativas, podem conseguir desenvolver uma linguagem satisfatória, alcançar habilidades sociais e mesmo conquistas altamente intelectuais... mesmo se encobrindo de uma singularidade autista... até profunda.” (SACKS, 1995:260).
“Ela (Uta Frith, médica, autora de ‘Autism: Explaining the Enigma’) também conclui, com espírito especulativo, que pode haver outro lado desse ‘algo’ (que os autistas possuem e que não pode ser corrigido ou substituído), uma espécie de intensidade ou pureza moral ou intelectual, tão distante do normal a ponto de parecer nobre, ridícula ou temível para os outros. Ela se pergunta... sobre Sherlock Holmes, com sua esquisitice, suas fixações peculiares – sua ‘pequena monografia sobre as cinzas de 140 diferentes variedades de fumos de cachimbo, charuto e cigarro’, seus ‘evidentes poderes de observação e dedução, revelados pelas emoções diárias de gente comum’, e a maneira extremamente pouco convencional que, com freqüência permite-lhe resolver um caso que a polícia com suas mentes mais convencionais, é incapaz de solucionar.” ( SACKS, 1995:261).
Amy (2001:19), diz que:
“O Autismo foi objeto de hipóteses formuladas por psicanalistas, educadores, biólogos, geneticistas e cognitivistas. Permanece, no entanto, como um mistério quanto a sua origem e evolução. É sem dúvida difícil determinar se a oposição ao mundo que essas crianças manifestam é ativa e voluntária, se lhes é imposta por deficiências biogenéticas cujas origens ignoramos ou se ‘o inato e o adquirido’ se articulam entre si para criar desordem e anarquia no universo interno dessas crianças”.
Na realidade ninguém ainda conseguiu decifrar o enigma do sujeito autista: “ele não quer ou ele não consegue?” Para alimentar esta polêmica muitas publicações internacionais e nacionais demonstram diferentes e apaixonadas teorias acerca da síndrome do autismo. As classificações psiquiátricas – CIM, 10, internacional; DSM III – R e IV, americana; e CFTMEA, francesa, não chegam a um denominador comum.
“Ainda em 1994, na França, um programa de televisão intitulado ‘O enigma das Crianças Fortaleza’ apresentou uma pessoa, a senhora Laxer, mãe de uma autista autora do livro ‘Autismo a Verdade Recusada?’; essa senhora contou que seu filho autista quando tinha apenas oito anos de idade, e até então nunca havia falado pouco após ouvir seu médico dizer a sua mãe que esta deveria "esquecê-lo em algum lugar que o aceitasse’, ouviu seu filho dizer-lhe “mamãe” colocando os braços em volta do seu pescoço.” (DOMINIQUE 2001:29).
Adorei tudo que li. Citações importantes que me levam a mais uma vez de volta à esperança de um dia ouvir minha filha falar. Ela tem onze anos, é viva, presente, carinhosa. Diagnosticada autista com dois anos. Aos três anos deixou de falar as poucas palavras que continha no seu vocabulário. Eu achava que ela não falava nada, hoje daria tudo pra ela voltar a falar aquele pouquinho. Seria muito hoje. Eu sei que ela pode. Sei que é capaz. Adorei teu blog! bjs!bjs!bjs!
ResponderExcluirSeja sempre bemvinda, Lu!! conte-nos aqui um pouco de sua historia e ajude aos outros faliliares e amigos a ter fé e resiliência, combinado?
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